quinta-feira, 12 de junho de 2008

PRA SEMPRE VOU ITAMAR!

Essa frase é da Zélia Duncan, com quem Itamar trocou muita idéia. Acho linda! Simples e intensa como Ita. Saudade! Hoje está fazendo 5 anos que ele se foi; ironia, no dia dos namorados. Maldito e romântico (sim!), sempre achei que por trás do malandro black navalha o coração batia forte - tanto que fiz um texto, uma colagem de letras de músicas que ele interpretou, tentando mostrar esse lado do nosso querido negão.

Reconheço ter dificuldade em me expressar com relação ao cara. Sou psicólogo, 'mezzo psicanalista', e me aventuro para além do que sei na música, tudo isso graças a ele. Claro, tenho também outras referências, mas nenhuma corre nas veias como a dele. Idéias, músicas, letras, totalmente à revelia, fazendo, acontecendo e botando pra correr. Saca só:

"No teatro, tem uma coisa assim: os atores falam, com relação a televisão e o mercado, que eles preferem o teatro como exercício da atuação. A televisão é um barato, mas não dá o aqui e agora do negócio. Pra mim, o que acontece, é que eu não tenho esse problema, não sou colocado fora do meu universo nunca. Sempre estou no meu universo. Pra mim é ao vivo, tudo acontece ali. É aí que está o teatro pra mim na música. É assim que eu levo o teatro. É como o jazz, como a linguagem musical do jazz, faz na hora, improvisa, leva até as últimas conseqüências o agora, amanhã vai ser outra coisa. Então, na minha música há esse teatro, onde não existe ensaio. Eu não ensaio. Ensaio até onde tenho que ensaiar pro show, mas a partir de um determinado momento, é o momento que vai dizer. Posso, de repente, estar no teatro Sérgio Cardoso, aí tô no Supremo Musical, no Ibirapuera. Então, é o lugar que vai me dizer. É aí que existe... Quando você está em contato com as pessoas, a química é essa. Então quando você se depara comigo, você se depara com surpresa. Eu tô sempre arrumando alguma coisa que alguém não sabe."

Acho que é por aí o que me pega. Tem um quê de deixar vir, de aflorar, de inconsciente, seus monólogos interlocutivos, e de levar tudo às últimas consequências, inclusive, eticamente falando.

"
O que eu quero dizer é que Pretobrás é a liberdade do compositor depois de 18 anos do primeiro disco, é a liberdade de escolha, uma liberdade de vida. Olhe bem, tem essa música que gravei pra esse disco, “Dor elegante”, letra do Paulo Leminski, é uma música que fala da dor da cirrose. Eu a recebi de uma cara que morreu de cirrose e esse cara é um poeta. Então, pra mim o que vale é o sentimento do poeta que fez da sua vida sua obra. Artista pra mim é isso, não é ficar ali com o BMW dando tchauzinho. Posso até ter um BMW e sair ralando por aí dando tchauzinho pras mina também, mas fazer isso profissão é meio complicado. E o Paulo, com esse humor que lhe é peculiar, simplesmente no meio dessa dor terrível, no meio de uma das crises fez esse poema e me deu... “O homem com uma dor é muito mais elegante, caminha assim de lado, como se chegasse atrasado e andasse mais adiante...” Então, acho que esse sentimento tem que ser interpretado por quem entende disso. Seria o ideal que isso fosse sucesso popular, que o povo cantasse seu verdadeiro poeta. Não é político, não é letrista. É um poeta."

Sem dúvida é um cara que faz falta! Porém, seu legado está aí. "Agora, sem Itamar, resta-nos redescobri-lo. Não pelo compromisso moral ou pelo culto aos símbolos que estão fora do mercado. Resta-nos redescobri-lo como uma interrogativa, como a necessidade de se questionar, principalmente os ídolos. Daí nascem o artista e o caminho que se deve seguir."

Trechos extraídos do site gafieiras, leia a entrevista na íntegra.

Deus te preteje!

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