terça-feira, 29 de abril de 2008
Sorte de hoje:
"Hoje você vai ver um biscoito da sorte que nunca viu antes"
- Orkut
Ps: Ê lelê hein..
segunda-feira, 28 de abril de 2008
cla-MÍDIA-rréia >>> ardido e mal-cheiroso
Quis comemorar a vitória do mengão com algumas acompanhantes de luxo e deu com a mão no hot-dog! Não bastasse o "engano" de contratar os serviços de um travesti, pediu mais gente pro rolo, vieram mais dois. Os envolvidos dizem ainda ter usado maconha e cocaína, o que o atleta nega ter feito com veemência. Reconhece que acabou se confundindo na hora de fechar o serviço e trocou gata por jegue. Na foto não é possível ver muito bem, mas a garota que nosso craque encontrou pelas ruas cariocas segura o documento do carro em nome de Ronaldo Luis Nazartio de Lima - é Nazartio mesmo ou foi um erro do Detran? - que teria ficado com ela como garantia de pagamento.
Que fique claro que sou eternamente grato pelo futebol desse carinha, sou fã mesmo!!!
E também gostaria de enfatizar que não tenho nada contra travestis, machos, gays, pan-sexuais, gostosas, lésbicas, almoxarifes e simpatizantes!!!
Enfim, tá rolando toda uma história que o cara teria sido vítima de uma tentativa de extorsão. Investigações estão se desenrolando e tenho certeza de que tudo vai se esclarecer, agora, nem descer do carro na frente da delegacia é demais hein mininão!!!
Acabou seu tempo!
sábado, 26 de abril de 2008
Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nessa vida,
em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim mesmo,
ser pensante sentinte e solitário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer principalmente.)
e nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam
e cada gesto, cada olhar
cada vinco da roupa
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia, não de casa,
da vitrine me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo dos outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
- Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 24 de abril de 2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
ocorreu-me
sobre a treta made in paragua:
"América Latina integrada: a LUGO puLULA a idéia de que falta solidariedade e AMOR(IM) no coração dos irmãos brasileiros."
sobre a pose de resistência de nosso presidente ante a proposta petista do terceiro mandato:
"cão ameaça largar o osso se vier com carne"
tá tudo lá no blog do dimirso!! pode ver se não colei aqui o que eu disse lá!!
terça-feira, 22 de abril de 2008
isabeluário
bisa pisa bela pela baliza
bata bola bala: isabélica
só se fala nisso tudo e não para
mais uma ferinha foi domada
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Eu ontem vi o psicanalista Contardo Calligaris na tevê.
Ele foi lá pra falar da menina que foi jogada do prédio.
Entrevistavam-no Boris Casoy e Fernando Mitre, que
espantados ficaram pelo não espanto do convidado.
Elucubravam sobre 'ódio' das pessoas e toda essa
exposição midiática para as crianças que ficaram.
É mesmo certo que se pode fazer mal ficar como
espectador de uma desgraça dessas? Quais as
expectativas dos infantes para com seus pais?
Elucidaram-se as questões, não bem assim,
e quase isso: sem terror,
é bom que saibam, ódio
existe!
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Enquanto gente tão contente em se mostrar, sorridente e faceira, saltitando frente às câmeras, gritando,
colando cartazes, arrumando o penteado,
tem balanço só ao vento, sem embalo de perninhas
Lennon nunca teve celular
Esta é uma comunidade minha no orkut. Uma comunidade que já foi várias outras. E, pra não fugir à regra, um fracasso como todas as minhas outras - exceto a BOMBA RELÓGIO!.!.! Não tô aqui pagando de propagandista não, desta vez não. Só botei porque gostei da idéia quando a tive e gostei do singelo texto que escrevi. Acabo de relê-lo e ainda gosto dele. E essa foto é demais!
Esse tipo de fracasso eu gosto - pode parecer besteira. Uma de minhas manias é saber rir de mim mesmo - disso não abro mão! - e outra é fazer o que eu quero do jeito que eu quero - mesmo que o que me reste depois seja rir de mim mesmo.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
VIDA MENOR
A real fuga do real,
ainda mais longe a fuga do feérico,
mais longe de tudo, a fuga de si mesmo,
a fuga da fuga, o exílio
sem água e palavra, a perda
voluntária de amor e memória,
o eco
já não correspondendo ao apêlo, e êste fundindo-se,
a mão tornando-se enorme e desaparecendo
desfigurada, todos os gestos afinal impossíveis,
senão inúteis,
a desnecessidade do canto, a limpeza
da côr, nem braço a mover-se nem unha crescendo.
Não a morte, contudo.
Mas a vida: captada em sua forma irredutível,
já sem ornato ou comentário melódico,
vida a que aspiramos como paz no cansaço
(não a morte),
vida mínima, essencial; um início; um sono;
menos que terra, sem calor; sem ciência nem ironia;
o que se possa desejar de menos cruel: a vida
em que o ar, não respirado, mas me envolva;
nenhum gasto de tecidos; ausência dêles;
confusão entre manhã e tarde, já sem dor,
porque o tempo não mais se divide em seções;o tempo
elidido, domado.
Não o morto nem o eterno ou o divino,
apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente
e solitário vivo.
Isso eu procuro.
- Carlos Drummond de Andrade. Antologia Poética: Editora Sabiá, 1970 (pg 251-252).
domingo, 20 de abril de 2008
rapidinhas
Salve salve!
O negócio tá meio apertado por aqui apesar do feriado.
Deixo aqui um site onde vocês poderão encontrar inúmeras 'rapidinhas' maravilhosas!
http://www.insanus.org/conversas/
Recomendado!
quinta-feira, 17 de abril de 2008
duas caras
Amanhã mesmo atendo ao pedido de minha mãe e compro uma antena pra saber o que acontece!
Trocadilhos à parte, acabo de descobrir que o sobrenome do tal 'Juvenal Pedro e Bino' é Antena!!!
Por favor vejam os comentários deste post!!!!!
quarta-feira, 16 de abril de 2008
PARA MARIA DA GRAÇA
Agora que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.
A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: “Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego?”.
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação perplexa é o lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão estranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: “Estou tão cansada de estar aqui sozinha!” O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: “Oh, I beg your pardon!” Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: “Gostarias de gatos se fosses eu?”.
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namoradas, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: “A corrida terminou! mas quem ganhou?” É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhaste.
Disse o ratinho: “Minha história é longa e triste!” Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: “Minha vida daria um romance”. Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: “Minha vida daria um romance!” Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo”. Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte: É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas”.
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.
- Paulo Mendes Campos
terça-feira, 15 de abril de 2008
enquanto isso no jornal do sbt
".. uma forma de ganho que pode dar vida digna aos catadores e moradores de rua.."
- Carlos Nascimento, âncora.
domingo, 13 de abril de 2008
Amy de Amsterdam
Pois é, seria a pressão de lidar com o sucesso cada vez maior? Sei lá.. Sei que o som é legal sim. Nessa praia chamada neo-soul ou neo-jazz ou vários outros neo que não o do Matrix. Ela tá aí ganhando espaço na mídia não é só por causa dos estardalhaços da cama, da cana, fulana, sacana. Voz negra, sem aquela firulera toda tão presente em outras cantoras, achei bem objetiva. E parece estar pouco se importando com o falatório, escreve o que quer e manda ver - outro ponto positivo na minha opinião, ela escreve suas letras. A banda é bem bacana também, arranjos com uma boa base de piano e metais, batera de pulso firme. O 1º disco (foto), Frank de 2003, é menos pop. Na música Moody's Mood For Love, ao término do 21º segundo ela dispara uma frase que eu devo ter voltado pra ouvir umas 17 vezes, bem guita jazz, gostei dessa. Tem uma pegada irreverente daquelas que ou domina o gogó ou deixa quieto, vide Cherry do álbum ao vivo. Ainda deste álbum baladinhas melancolicamente saborosas como Wake Up Alone e Love Is a Losing Game, e as máximas Back to Black (com aquela paradinha de deixar neguinho no vácuo) e Rehab (da Amy dos olhos enxutos).
Que ela vai acabar mesmo se arrebentando é um fato, mas uma pena.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Desirée
Lembra daquela vez que eu fui pra República Checa com as garotas? Então, fizemos umas festinhas por ali viu, e foi assim que eu conheci Milly. Aquela coisa né, naquele rolo surge uma máquina fotográfica. Tá bom, era minha mesmo, você sabe que eu sempre carrego pra todo lado. Até aí tudo bem. Agora, eu mando pra ela as fotos, ela agradece prometendo uma visita a qualquer momento e ainda manda aquela variedade de bacio pra depois me sacanear?? É, sacana!! Sai candidata à prefeitura de Roma e bota minha bunda no cartaz dizendo ser dela! Fala sério, você conhece minha bunda!! Olha aí!! Não é possível!! Mas deixa estar, ela há de receber uma convocação, vou fazê-la responder um processo por falsidade bundológica!! É o mínimo que eu posso fazer nessa situação!
Um beijo e me liga!
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Maurits Cornelis Escher
Sem dúvida influenciou e continuará influenciando muitos artistas e cativando inúmeros fãs pelo mundo afora!
Imagens extraídas do website oficial: http://www.mcescher.com/
Confiram!
Ps: clique nas imagens acima para ampliá-las.
os objetos (a) na experiência analítica
Além disso, gostaria de sugerir aos interessados na temática do Congresso - bem como os interessados no estudo da psicanálise em geral - a leitura de um dos textos disponíveis na página que julgo levantar questões bastante pertinentes na atualidade. Aí está o link: http://www.amp2008.com/pt/template.asp?textos/presenta_bn/laurent.html
Boa leitura!
quarta-feira, 9 de abril de 2008
- Alô..
- E por que eu?
- É que você sempre finge estar me ouvindo, não presta atenção no que eu digo, cochila do outro lado da linha chegando a roncar e, quando não, apenas esboça orações curtas com palavras monossilábicas expressando seu tédio sobre o assunto em questão.. E ainda me faz mudar de idéia..
- Tá, o que houve dessa vez?
- Não sei bem. É que assim.. Tenho tido uns probleminhas com uma pessoa.. Parece que tem prazer em me provocar, sabe essas pessoas? Aquele tipinho que adoça o café sentando em cima?
- Não..
- Ah, deixa disso.. Ó, ontem eu tava passando ali na frente daquela loja nova e resolvi entrar pra ver um casaco mais de perto.. Quem estava na loja?
- Vanilla Ice?
- Não! Joaneth, meu hamster.. Acredita?
terça-feira, 8 de abril de 2008
domingo, 6 de abril de 2008
ser ou não ser... eis a questão?
Comecemos pelo objetivo do jogo: Miss Bimbo, pelo que entendi, é uma espécie de RPG, um jogo onde você vai desenvolvendo seu personagem com o andar da carruagem. Pois bem, ali você é uma jovem (uma boneca virtual) que tem como intuito tornar-se a mais legal, famosa e gostosa do mundo pra conseguir o melhor dos casamentos com o boneco virtual mais rico. Não sei se isso já é suficiente pra causar estranheza, pode ser que não tendo em vista o apelo crescente à aparência, à imagem - isso tudo já está aí desde a década de 60, Debord não me deixa mentir quando fala da sociedade do espetáculo.
Impossível não traçar um paralelo entre essa boneca virtual e a tão famosa boneca (palpável) Barbie. Pode-se dizer que o público-alvo é o mesmo - a maioria dos registros no website Miss Bimbo é de meninas com idade entre 8 e 16 anos. Temos na Barbie uma imagem de uma mulher jovem e bela (com medidas que devemos reconhecer como impossíveis para um ser humano), na qual a menina pode espelhar um futuro através de suas brincadeiras. As possibilidades de identificação são tão variadas quanto os diversos modelos da boneca presentes nas prateleiras - Barbie médica, esportista, veterinária, rock-star, grávida, com filhinha, e também tem o Ken, seu namorado/marido/par romântico/e tudo mais que a fantasia infantil for capaz de realizar.
Ainda atrelados ao mesmo tema, encontramos na literatura e filmes infantis, desde muito tempo atrás, a referência explícita à determinado padrão estético: A Bela Adormecida, A Gata Borralheira, e tantos outros em que a beleza é o chamariz para que o príncipe arrisque sua pele para desposá-las. Enfim, estaria este pobre mortal que sou fazendo apologia à uma quebra radical de paradigmas há tanto instaurados em nossa cultura? Não. Quem quiser quebrar que quebre, eu não prego isso. E, antes que pensem algo do gênero, concordo plenamente que a aparência é sim um dos grandes atrativos na escolha de um(a) parceiro(a). Porém, o que me incomoda é o estado de insciência geral relacionado a isso: o ter de se fazer, sob pena de nunca ser desejável se não cumprir esta exigência. “E se as mulheres não são feiticistas é porque executam sobre si próprias o trabalho contínuo de feiticização, tornam-se bonecas. Sabe-se que a boneca é feitiço, feita para ser continuamente vestida e despida, enfeitada e desenfeitada. É este jogo de cobrir e descobrir que tem valor erótico para a infância, é neste jogo às avessas que regride toda a relação objectal e simbólica, quando a mulher se faz boneca, se torna o seu próprio feitiço e o feitiço do outro” (Baudrillard. A troca simbólica e a morte, 1996). Vejam bem, ainda estou me reportando ao website e seu serviço oferecido. São crianças que entram ali. Fazem seu registro gratuitamente e apenas o registro, pois as atitudes das bonecas virtuais são pagas. Pelo preço médio de R$5,00, através de mensagens SMS, são comprados os atributos das bonecas: bronzeamento artificial, manicure, cabeleireiros, lingeries, roupas, operações plásticas, dietas específicas e afins (inicialmente até se podia comprar pílulas para emagrecer, na página inicial do site pode ser verificado que eles até se desculpam por remover este item).
O que julgo acima como possibilidade de dar errado é a maneira superficial como a coisa toda é tratada. "As missões e metas são moralmente sólidas e ensinam as crianças sobre o mundo real", diz Nicolas Jacquart (23 anos, web designer responsável pelo site), julgando ser uma diversão inofensiva. Ora, a Barbie surgiu em 1959 inspirada em uma pin-up tridimensional chamada Lilli que era objeto de consumo de homens adultos. Sim! Lilli era uma boneca alemã comercializada em tabacarias, um brinquedo erótico masculino. Tá legal, o aspecto funcional foi totalmente subvertido de uma para outra, e hoje, observando as identificações supracitadas possíveis (uma mãe, uma namorada, uma profissional, etc) dá pra gente ver uma porção de coisas bacanas, sadias e diria mesmo necessárias ao desenvolvimento infantil. Não que todo brinquedo ou jogo tenha que ter algo disso, mas gostaria que alguém tentasse me dizer o que essa tal de Miss Bimbo tem, que não um potencial devastador de um atolamento no imaginário: deturpando toda a noção relativa à saúde e consciência corporal com atitudes que variam de fúteis a invasivas; condecorando (ainda mais que o mundo real) a competição medíocre e a necessidade desesperada do corpo perfeito; esquartejando as relações humanas, como se tudo relacionado à satisfação dependesse de ter mais para ser mais.
Mas tudo bem, eu sou um velho, isso não me canso de dizer. Joguei muito video-game e nem por isso saio atirando em pessoas nas ruas. Ninguém garante que as Misses Bimbo saiam por aí frenéticas em comportamentos absurdos e até auto-destrutivos, fazendo de todas as suas relações objetais. Mas também, ninguém pode garantir o contrário (ou pode?).
Novamente torço pra que eu esteja totalmente equivocado em minha opinião. E, estando ou não, retomo a 1ª frase ali de cima: o que vem a seguir?
sexta-feira, 4 de abril de 2008
enquanto isso na fila do hospital
"Parece aquele negócio de chupar na boca do saci."
- Bruno, 3 anos, acompanhante da irmã Gabriele que quebrou o pé direito.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Recebido do amigo Vinícius, de Londrina:
KIT FALTA DE VERGONHA
Vai transar? O governo dá camisinha.
Já transou? O governo dá a pílula do dia seguinte.
Engravidou? O governo dá o aborto.
Teve filho? O governo dá o Bolsa Família.
Tá desempregado? O governo dá Bolsa Desemprego.
Vai prestar vestibular? O governo dá o Bolsa Cota.
Não tem terra? O governo dá o Bolsa Invasão e ainda te aposenta.
Mas experimenta estudar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!
Difícil me ocorrer algo diferente do que segue:
Veja que beleza, em diversas cores!
Veja que beleza, em vários sabores,
A burrice está na mesa! Veja que beleza!
Ensinada nas escolas,
Universidades e principalmente
Nas academias de louros e letras -
Ela está presente!
E já foi com muita honra
Doutorada honoris causa.
Não tem preconceito ou ideologia.
Anda na esquerda, anda na direita.
Não tem hora, não escolhe causa
E nada rejeita.
- Sabor de Burrice (Tom Zé)
Agradecimentos
EUA: Bervely Hills, Los Angeles e West Hollywood-California; Chicago e Oak Park-Illinois; Annapolis-Maryland; Woburn-Massachusetts; Southfield-Michigan; Newark e Vineland-New Jersey; Charlotte-North Carolina; Kent-Ohio; Bartonsville-Pennsylvania; Dallas-Texas; Midlothian e West Mclean-Virginia; Seattle-Washington.
França: Montpellier.
Alemanha: Crimmitschau.
Yemen: Sana.
Reino Unido: Crawley, Gerrards Cross e Londres.
Japão: Kakamigahara, Nagoya, Nisshin, Tsukuba e Yokohama.
Malásia: Ipoh.
Romênia: Birlad.
República Dominicana: (not set) - odeio esses not set!
Peru: La Victoria.
Angola: Luanda.
Espanha: Barcelona e Polinya.
Portugal: Alges, Gondomar, Lisboa, Pombal, Porto, Queluz, Rio Maior, Sacavem, Santarem, Seixal e Viana do Castelo.
Irlanda: Dublin.
Itália: Cormano, Cusano Milanino e Roma.
México: Torreon.
Aos recém chegados e aos já antigos visitantes, como dizia o extinto pacote de papel do extinto Supermercado Musamar de Cornélio Procópio:
"Servimos bem para servir sempre!"
Qualquer coisa entre em contato!
Obrigado pelas visitas!
terça-feira, 1 de abril de 2008
Os novos pecados capitais
Um dia desses o pessoal tava lá no Vaticano, sacumé, nada pra fazer. Juntaram alguns cardeais, uns bispos e a Guarda Suíça e decidiram fazer um brainstorm: "Vamos modernizar a igreja católica, pô! Estamos no século XXI, tá na hora da gente ficar em dia com essas modernidades." E lá foram eles.
O que vamos mudar? Milagres? A roupa dos padres? E se padre pudesse casar? Ei, nem pense nisso. Humm, já sei, vamos criar novos sete pecados capitais! É! E a gente cria novos sete virtudes, também, para acompanhar! Ah, pára com isso, só os pecados dão ibope. O pessoal nem sabe que existe essa coisa de sete virtudes… Tá bom, por onde a gente começa?
Preguiça. Hoje em dia as pessoas chamam a preguiça de "ócio criativo", perdeu a força como pecado. No lugar dela vamos colocar "usar drogas." Assim não muda o status de pecadores daqueles maconheiros que passam o dia inteiro chapados sem fazer porra nenhuma. Ok.
E a gula? Ah, gula a gente troca por "ficar muito rico". Assim gente que tem muito dinheiro também gasta muito dinheiro com comida e não perde o status de pecador. Fechado.
Vaidade. Hum, xovê. Já sei! "Injustiça social"! Tudo a ver, quem é vaidoso não se preocupa com as outras pessoas. - "Meio nada a ver", soltou um guarda suíço. Silêncio.
Soberba! Soberba! Essa é boa. Vamos ver, o que combina com soberba? "Manipulação genética"! Neguinho que gosta de brincar de Deus. Mó pecado! Êêêêê (coro).
Luxúria. Essa é fácil! "Causar pobreza". Gente que gosta de luxo causa pobreza. Isso! Nesse momento um cardeal dá uma olhadinha e um sorrizinho para uma beata que passava e perde a oportunidade de corrigir a besteira que um deles disse.
Falta o quê? Não me lembro mais de nenhum outro pecado. Gula já foi, né? Um monge franciscano que passava pelo recinto solta: avareza, gente! "Ah ééé (coro)!" Para a avareza a gente coloca "poluição ambiental". Gente que gasta muito joga fora muito lixo. O monge franciscano coça a cabeça, finge que não ouviu aquilo e vai embora.
Vamos contar, avareza, luxúria, soberba, vaidade, gula e… qual era mesmo… ah, preguiça. Seis. Falta um. Alguém lembra qual é? Ira, Sussura um coroinha, até agora quietinho no canto da sala. - Ira! Grita um cardeal, tomando para si a lembrança. Ira. O que combina com "ira"? Não sei, mas a gente precisa de algo bem moderno para terminar essa lista. Tipo o quê? "Experiências que violam a dignidade humana" é uma boa, comenta um bispo que acabou de ler "Il pendolo di Foucault" mas não contou pra ninguém. Em coro: - Boa!
A única coisa que eu não curti muito foram os nomes compridos, os antigos eram mais simples e fáceis de lembrar, esse novos parecem que precisam ter nomes grandes para ficar mais fácil entendê-los. Ah, tá valendo, vamos fechar essa listinha e mandar pro Papa dar uma rubricada e pronto.
Eis que o coroinha, ainda praticamente imperceptível, lá no fundo, comenta "Ou, e pedofilia, não entra?" Silêncio.