domingo, 30 de março de 2008

La Faute à Fidel!


Em português: A Culpa é do Fidel - 2006 (trailer). Acabei de assisti-lo! Faça o mesmo! Vá ver!
Vou tentar aqui não contar muito.

O filme se passa na França, nos idos de 1970. Conta a história de Anna, uma garotinha de 9 anos, e seus conflitos frente às mudanças ocorridas em sua vida. Em decorrência da ditadura de Franco na Espanha, sua tia e sua prima mudam-se para a França influenciando em todo o estilo de vida de sua família. Seus pais deixam de lado a vida burguesa, sua casa espaçosa, seus empregos (ele advogado e ela escritora da Marie-Claire) e começam a participar ativamente do partido comunista (ele empenhado em eleger Allende no Chile e ela num livro sobre o aborto). Obviamente, Anna e François (seu irmão mais novo), são afetados em todo grau possível em meio a todo o desenrolar da coisa.
Acho mesmo que o que mais chama a atenção é maneira com que a menina reage, quero dizer, um bombardeio de informações e ela tendo que se virar com aquilo tudo. Inicialmente,
todos mais ou menos falando a mesma língua: tem uma criação de 'lady', pais liberais, avós ultra-conservadores, a babá cubana contrária ao comunismo, a escola católica, etc. Com a entrada dos "barbudos" suas idéias começam a ser confrontadas: a babá grega que vem pra falar do surgimento do universo pela mitologia, os "vermelhos" com o 'espírito de grupo' demonstrando seu modo de compartilhar, etc. A grande sacada, na minha opinião, foi saber explorar as teorias infantis - inclusive as sexuais, dá-lhe Freud! É lindo ver como ela vai construindo e desconstruindo suas teses - a partir de alguns fragmentos de falas ou coisas que vê e de experiências que vivencia - na tentativa de dar sentido àquilo tudo que está acontecendo. E, por esse viés, a tentativa de dar sentido não é só por parte dela não. Em algumas passagens é visível o 'bater cabeça' dos pais com suas próprias indagações sobre que rumo tomar - e o reflexo disso em Anna.
O filme é catalogado como 'comédia', vi isso agora, após assisti-lo. E é mesmo engraçado. Mas é engraçado europeu gente, não é pastelão holywoodiano. Aliás, taí outra coisa que eu adorei no filme e é uma característica mesmo de filme europeu: economia. Economia no sentido de não haver desperdício de rolo mesmo. Não tem cena desnecessária, se tá ali é porque tinha que estar! Tudo contextualiza os conflitos. Sem encheção de linguiça.
Nota 1000 pra pequena protagonista Nina Kervel!

Ps: qualquer comentário de teor político-partidário influenciaria aqui em minha descrição e, consequentemente, diria mais do que o necessário. Procurei me ater ao impacto das mudanças na vida da menina, se me posicionasse contaria mais do que quero contar. Vejam o filme e depois discutimos.

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